I FEEL GOOD

MISTRAL HORSE DETAIL, originally uploaded by planeta hilda.

Depois de um dia de trabalho, adoro saír, passear, encontrar pessoas, sentar-me numa esplanada, ir jantar fora, qualquer coisa que não seja fechar-me logo em casa. Gosto da minha casa mas a rotina casa-trabalho-casa não é para mim.

Ontem foi a primeira aula de dança oriental do workshop onde nos inscrevemos (a Patrícia, a minha assistente, a minha filha e eu). Saímos do atelier ao fim da tarde, atravessámos o jardim do Campo de Santana e descemos as escadas inclinadas junto aos carris do elevador do Lavra até chegar ao Ateneu Comercial de Lisboa, na Rua das Portas de Santo Antão.
A primeira aproximação à dança oriental não foi nada fácil. Os movimentos parecem muito simples mas é preciso isolar e trabalhar partes do corpo, memorizar os passos, coordenar pernas, mãos e braços e habituar-se a um ritmo novo e desconhecido para mim... e tentar ter alguma graça. Mas é tão divertido dançar e a Marta, a professora, é tão "sweet & cool" que não foi nada angustiante ver-me ao espelho a contorcer-me desajeitadamente. Por incrível que pareça, o que mais nos custou foi o exercício de improvisão. Com uma luz mais fraca e liberdade total, podíamos dançar à vontade, segurando um véu, ao som da música egípcia. Conclusão: na dança como na vida, há coisas mais interessantes para ver para além do chão e do espelho, temos que usar a capacidade de olhar, aproveitar o espaço todo que dispomos e abrir as portas se for preciso para termos ainda mais espaço, usar a imaginação e não inventar nem aceitar limites. O véu? Serve para explorar, esconder ou mostrar, brincar, voar e não para nos emaranharmos nele, como me aconteceu várias vezes.

Subimos a Avenida da Liberdade a pé (por sinal, uma rua tão bonita mas tão sem-vida, cheia de empresas-instituições e lojas-instituições "boring"), rindo e comentando a nova aventura.

Parece-me que estas aulas só nos vão fazer bem, bem e ainda bem.